quarta-feira, 23 de junho de 2010

O FARDO DA VIDA DE JORNALISTA

Sim, ser jornalista é carregar o fardo de abrir mão de sua vida, para dedicar-se à vida de todos, aos interesses de todos, à notícia. O preço é alto, garanto a vocês... não sei se vale tanto a pena assim, às vezes! E confesso que, diante de fatos como o que vou relatar agora, tenho certeza que não.
Hoje, outra vez, senti vergonha de fazer parte desta classe e percebi o quanto somos, realmente, urubus. Sempre revidei a esta afirmação, feita por muita gente, com DUAS pedras nas mãos mas, hoje, preciso concordar.

Na manhã desta quarta-feira, dia 23 de junho, Ana Maria Braga abriu uma boa parte de se programa para um desabafo pessoal... um bate-papo amargurado, magoado de quem foi ferida de forma desleal por colegas de profissão E de empresa. A apresentadora se desmontou para explicar ao público que informações publicadas por uma revista que chegava às bancas eram mentirosas, calúnias. Olhando aquela mulher debulhada em lágrimas (vi a cena duas vezes), refleti um pouco sobre minha carreira, minha profissão...senti vergonha, nojo e repulsa por certas coisas.

Quem estava em casa pode ter pensado: como estes jornalistas não checam a informação antes de publicá-la?! Este é o pensamento dos qu desconhecem a realidade das redações. Na busca pela audiência, pelas vendas em bancas, pela preferência do público...na ânsia de trazer na capa uma informação exclusiva, o chamado "furo de reportagem", ficamos, nós jornalistas, cegos. A sede de vencer é tanta que nem sempre raciocinamos como deveríamos. Achamos que temos tudo o que precisamos nas mãos, mas não temos nada...e erramos, erramos feio correndo contra o tempo.

Até aí pensaríamos: ok, errar é humano! O problema é que o erro de um jornalista pode provocar o fracasso de uma vida, a perda de uma reputação, danos irreparáveis a alguém. Mesmo que a justiça venha a provar que estávamos errados, venha a nos punir, nunca mais os cacos daquela vida despedaçada serão reunidos igualmente.

Eu sempre prezei pelos dois lados da moeda, informações bem checadas, dados apurados... Talvez tenha errado, porém me esforcei para que nunca acontecesse algo grave. Mas neste mundo de meu Deus, nem sempre é assim. Há por aí repórteres e editores irresponsáveis que, antes mesmo de terem a história inteira nas mãos, já pensam na manchete que terão na primeira página, sem pensar na consequências. É triste. Mas isso acontece sim por aí. E, assim, passam por cima de sentimentos e verdades.

Hoje, me solidarizo com Ana Maria Braga. Que a verdade venha à tona e os mentirosos apareçam.

Um comentário:

  1. Não acompanhei o q ocorreu com a Ana M. Braga, mas para ela se expor como vc comentou, é pq a coisa foi braba.
    Seu inconformismo com a profissão nesses momentos é normal, mas sabemos q existem jornalistas do mal já faz muito tempo, assim, se vc fizer parte do grupo de jornalistas do bem, já estará fazendo sua parte para melhorar a imagem da profissão.
    Em todas existem maus profissionais.
    Abraços.

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